Rádio Antigo

O rádio no Brasil surgiu em 1919 com a fundação da Rádio Clube de Pernambuco. Entretanto, a inauguração da radiodifusão no Brasil só ocorreu no dia 7 de setembro de 1922 e fez parte de uma série de comemorações ao Centenário da Independência. Na ocasião, o presidente da República Epitácio Pessoa discursou na abertura da Exposição Internacional do Rio de Janeiro e sua mensagem foi transmitida para 80 receptores distribuídos no recinto da exposição, em Niterói, Petrópolis e São Paulo.

Embora, a primeira transmissão de rádio tenha sido bem sucedida, a ausência de um sistema de captação regular das ondas tornava o projeto inacessível à população, por isso após aos comemorações do Centenário da Independência, as transmissões radiofônicas foram interrompidas e o rádio saiu do ar. Em 1923 ele ressurgiu, como uma iniciativa do Governo, foi instalada uma pequena estação na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro.

A instalação efetiva e definitiva da radiodifusão no Brasil ocorreu em 20 de abril de 1923 com a inauguração da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada por Edgard Roqquette-Pinto, que ficou conhecido como o pai do rádio brasileiro. A partir disso, a rádio passou a fazer parte da vida dos brasileiros, ajudou a acabar com a República Velha, tomou parte da Revolução de 1932, relatou sobre a Segunda Guerra Mundial, cumpriu um papel importante no Golpe Militar de 64, repercutiu o impeachment e participou ativamente de vários outros episódios importantes.

Roquette-Pinto criou o primeiro jornal de rádio brasileiro se chamava Jornal da Manhã e trazia fatos comentados. O programa foi pioneiro do “jornal falado”, o comentarista trazia, diariamente, as principais noticias do jornal impresso com comentários e opiniões. Em 1925 e 1926 a programação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro se estabeleceu e trazia noticias de dia, tarde e a noite. Nessa época como ainda não existiam repórteres nas rádios, os locutores se alimentavam dos recortes de jornais.

Em 1932, Getúlio Vargas percebeu o potencial comunicativo do rádio e regulamentou seu funcionamento, autorizando a veiculação de propagandas. Com isso, o veículo passou a trazer uma programação popular, para atrair um maior número de ouvintes. Foram contratados cantores e artistas, que apresentavam programas humorísticos, radionovelas, transmissões esportivas, orquestras, etc. Na época, um programa que se destacou foi o “Programa Casé!, de Adhemar Casé, que foi doado, mais tarde, para o Ministério de Educação e Saúde por Roquette Pinto, com a proibição de comerciais.

Radiojornalismo como Instrumento de Mobilização Social

Rádio Botões

Foi também em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, que o rádio foi utilizado pela primeira vez como meio de mobilização popular no Brasil, junto com o surgimento do radiojornalismo em emissoras paulistas. Nesse período, a Rádio Record se destacou ao introduzir no começo dos anos 30 uma programação política, trazendo políticos para darem palestras instrutivas e culturais, o programa era apresentado por Monteiro Lobato. Seu principal locutor, César Ladeira, ficou conhecido como o “locutor da revolução” por convocar a população paulista a se manifestar a favor da elaboração de uma nova Carta Constitucional.

Em 1935 foi criada a Hora do Brasil, programa que ia ao ar de segunda-feira a sábado com noticiário emitido pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). Hoje o programa recebe o nome de A Voz do Brasil e vai ao de segunda a sexta-feira das 19h ás 20h. Desde 1990 sua obrigatoriedade é contestada por algumas emissoras para não transmiti-lo ou transmiti-lo em horário diferente.

Nesse período, entre as décadas de 1920 e 1930, surgiram outras rádios importantes como a Rádio Mayrink Veiga, em 1934; a Rádio Tupi e Jornal do Brasil, em 1935 e a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, em 1936, que liderou a audiência por 20 anos. Esta viveu em crise até 1939. Seus fundadores – Celso Guimarães, Oduvaldo Cozzi e Ismênia dos Santos – traduziam peças de rádio, eram atores e locutores ao mesmo tempo. Até que em março de 1940, Vargas toma posse do grupo empresarial que detinha a Rádio Nacional. A partir daí, a empresa passou a ser uma das empresas incorporadas ao patrimônio da União e tornou-se a maior emissora do Brasil.

Entre as décadas de 40 e 50, surgiu o chamado Rádio-Espetáculo com programas que traziam personalidades que marcaram a história do país como Emilinha Borba e Marlene, Carmem Miranda, Sivio Caldas, Carlos Galhardo, entre outros. Esse período foi essencial para a popularização da linguagem radiofônica, atingindo novos públicos.

Na Segunda Guerra Mundial, em 1939, o rádio teve um papel estratégico, já que as notícias do front precisavam ser transmitidas com agilidade. Nesse período os equipamentos e os sistemas de transmissão foram aperfeiçoados, o que permitiu o desenvolvimento do radiojornalismo

Devido a entrada empresas multinacionais no país, que patrocinavam programas de rádio em troca de divulgação, a década de 40 foi foi marcada por uma grande injeção de verba publicitária no país.

Repórter Esso

Nesse contexto, surge o Repórter Esso, um noticiário histórico da rádio e da televisão brasileira. Foi o primeiro noticiário de radiojornalismo do Brasil que não se prendia a ler somente noticias recortadas dos jornais, assim, suas matérias eram enviadas por uma agencia internacional de noticias dos Estados Unidos. O repórter Esso era patrocinado pela empresa Standard Oil Company of Brazil, uma espécie de Esso do Brasil. Os locutores da Esso que alcançaram maior sucesso foram Heron Domingues, Luiz Jatobá e Gonitjo Teodoro.

O programa revolucionou o radiojornalismo brasileiro, trazendo, além da notícia, um texto bem dirigido, propaganda político-ideológica, produzindo opinião com alvo certo, que nesse caso era o governo e determinados segmentos da sociedade brasileira. Implantado na país, de acordo com modelo norte-americano, ele trazia isenção, neutralidade, imparcialidade e credibilidade.

A primeira transmissão do programa ocorreu na Rádio Nacional no dia 28 de agosto de 1941 com a cobertura do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Inicialmente, o programa foi criado com intuito de fazer propaganda da guerra americana direcionada aos brasileiros. O principal conteúdo das noticias eram o modo de vida americano, American Way of Life, e a evolução das guerras dos Estados Unidos, cobertura da Guerra da Coréia em 1950, notícias de autoridades, astros de cinema e tudo que envolvia interesses dos norte-americanos. O última transmissão do Repórter Esso foi no dia 31 de dezembro de 1968.

Curiosidades sobre o Radiojornalismo

  • A primeira partida de futebol (confira em história do futebol) foi transmitida pela rádio no dia 19 de julho de 1931 por Nicolau Tuma, atraveś da Rádio Educadora Paulista;
  • A terceira copa do mundo, que ocorreu em 1939 na França, foi a primeira a ser transmitida pela rádio. Ela foi narrada por Gagliano Neto pela Rádio Brasileira.
  • Durante a Primeira Guerra Mundial o rádio era usado como meio de comunicação entre os militares e o seu desenvolvimento era submetido a um controle severo.